Contos Eróticos

Contos Eroticos

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Definição de Literatura e Conto Erótico

O conto erótico é um subgênero que se encaixa na classificação de literatura erótica. Uma possível definição para esse tipo de literatura parte da definição de erotismo, que diz respeito a uma estratégia que busca incitar o leitor sexualmente através de relatos de relações sexuais. Os temas abordados incluem uma série de fetiches e taras sexuais, como orgias, prostituição, sadomasoquismo e outras temáticas cercadas por tabus. O gênero costuma tratar esses temas fazendo uso de muita crítica social e sátira.

Uma distinção importante deve ser feita entre a literatura erótica e a literatura pornográfica, na qual as cenas de sexo são mais explícitas. Isso porque, apesar de todo conteúdo erótico ter um teor pornográfico em alguma medida, há uma diferença importante entre o erótico e o obsceno. Enquanto o obsceno e o meramente pornográfico retratam os prazeres da carne como algo sujo e imoral, o erótico visa reconstruir o conceito da carne como algo desejável, a partir de conceitos estéticos e valores ideais como o amor. Outra diferença importante é que a ficção erótica costuma tratar a temática com mais seriedade e mais propensão literária do que, por exemplo, revistas e publicações pornográficas.

O formato mais explorado na literatura erótica é o romance, apesar de haver clássicos desse gênero escritos na forma de poesia, manuais, memórias pessoais e contos. Durante toda sua história, esse gênero sofreu uma série de censuras e restrições legais, mormente com base em acusações de obscenidade, imoralidade e despudor. Contudo, isso só se tornou um problema de fato a partir da invenção da imprensa, no século XV, o que levou a um aumento do mercado consumidor e, por conseguinte, das restrições sobre as publicações. Por conta disso, muito da produção da literatura erótica se tornou clandestina e marginal.

História da Literatura Erótica

A erótica e a retratação do sexo estão intimamente ligadas ao surgimento da cultura e da sociedade humanas, de modo que a literatura, reflexo dessa realidade humana, está interligada a esses temas desde os seus primórdios. Os primeiros relatos eróticos costumam ser localizados historicamente na antiquíssima civilização suméria, milênios antes do nascimento de Cristo, com um ciclo de poemas retratando relações sexuais entre a deusa do amor Inanna e seu consorte Dumuzi, o Pastor, conhecido pelo nome bíblico de Tamuz.

Na sequência, é possível observar uma produção consistente de poetas gregos e romanos, que retratavam temas eróticos em seus poemas. Algumas dessas obras sobreviveram e chegaram para nós adaptadas, incluindo os trabalhos de Safo de Lesbos, Arquíloco e Estratão de Sardes. Na civilização romana, destacaram-se poetas eróticos como Automedonte, Cátulo, Juvenal, Marcial, Ovídio, Filodemo de Gádara, Marcus Argentarius, Propércio e Tíbulo. No período latino tardio e pré-renascentista, podemos citar nomes como o persa Nizami Ganjavi e o holandês Johannes Secundus. No Renascimento, é relevante a produção de William Shakespeare, apesar da circulação de poemas eróticos, e da literatura em geral, ser bastante limitada nessa época.

O princípio da ficção erótica em prosa no Ocidente costuma ser datada da importante obra de Petrônio, Satíricon. Essa obra não nos sobreviveu em sua integralidade, algo aliás comum para a literatura desse período. O romance narra as desventuras de Encolpius, um homem impotente amaldiçoado pelo deus da fertilidade, Príapo, descrevendo cenas de orgias, sexo ritualístico e outros incidentes eróticos. Contudo, a descoberta de fragmentos da obra do sofista grego Lollianus indica que um gênero de romance erótico já existia na Grécia Antiga. Trechos com elementos eróticos do romance Dafne e Cloé, do escritor Longo, também parecem confirmar essa teoria.

No período medieval, há o Decamerão, de autoria do italiano Giovanni Boccaccio, que retrata cenas de luxúria e sedução em conventos por parte de monges e monjas. O impacto desse livro foi tamanho para o gênero que, mesmo cinco séculos depois de sua publicação, cópias do livro foram destruídos por autoridades nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Como mencionado, a partir do século XV, já na Era Moderna, as restrições e censuras a livros dessa natureza por parte de autoridades governamentais e religiosas recrudesceram, e o gênero foi relegado à marginalidade. Contudo, há clássicos notáveis do gênero localizados nessa época e um pouco depois, como Facetiae, uma antologia de histórias atribuída a Gian Francesco Poggio Bracciolini, e O Conto dos Dois Amantes, de autoria de Papa Pio II, antes dele se tornar papa.

Já nos séculos XVIII e XIX, alguns autores dignos de nota incluem Laurence Sterne, John Cleland, Jean-Baptiste de Boyer, Conde de Mirabeau, Pierre Choderlos de Laclos (cujo romance Ligações Perigosas teve adaptação atual para minissérie da Globo), Marquês de Sade (cujo nome foi empregado para cunhar o termo dos atos sexuais descritos em sua obra, “sadismo”) e Leopold von Sacher-Masoch (cujo nome também foi utilizado para cunhar um fetiche sexual, “masoquismo”). O século XX também viu o surgimento de grandes nomes no gênero, tais como Guillaume Apollinaire, Pierre Louÿs, Henry Miller, Pauline Réage, Anaïs Nin e Vladimir Nabokov.

Conto Erótico na Atualidade

Tudo isso para chegarmos ao momento atual, no qual se pode observar a ascensão à fama de autoras como Alison Tyler, Rachel Kramer Bussel, Carol Queen, Janine Ashbless, Kristina Lloyd e Portia da Costa, conhecidas por seus romances e contos eróticos. Atualmente, é possível observar uma reinvenção do gênero erótico, com a redescoberta de um público alvo cada vez maior, formado tanto por homens como por mulheres. Fenômenos como o sucesso estrondoso e internacional da trilogia Cinquenta Tons de Cinza, de E. L. James, bem como o crescimento do número de sites e fóruns especializados no compartilhamento de literatura erótica, parecem confirmar essa guinada no mercado editorial.

Inclusive, o advento da internet teve um papel essencial nesse processo. Desde seus primórdios, pode-se observar a presença de material erótico na World Wide Web, o que resta comprovado pela popularidade de tags com essa temática no sistema Usenet. O perfil desses sites parece abrigar uma maioria de escritores e escritoras amadoras, que pela primeira vez têm a oportunidade de compartilhar seus escritos com uma audiência de proporções globais. Além disso, o caráter anônimo das publicações também parece ter incentivado esse processo, conforme se pode observar com o uso frequente de pseudônimos por parte dos autores e autoras.